Foto: Ronald Mendes (Divulgação)
O livro infantil Os Problemas de Júnior estará no espaço de lançamentos na Praça Saldanha Marinho na tarde desta segunda (8), a partir das 14h. Mas não se trata de uma participação como tantas outras já ocorridas nesta 50ª Feira do Livro de Santa Maria. Será uma comemoração.
Com ilustrações coloridas e linguagem simplificada – como é característico às obras feitas para crianças – o primeiro texto infantil de Maria Rita Py Dutra traz consigo duas décadas de contribuição ao debate sobre a questão racial.
A história foi publicada pela primeira vez em 13 de maio de 2003, coincidindo com a data do Centenário da Sociedade Cultural Ferroviária Treze de Maio, hoje denominada Museu Treze de Maio. A narrativa está focada em Júnior, 4 anos, que é chamado de negro por um coleguinha e chega em casa chorando.
– É uma história infantil pequena, com 12 páginas. Minha primeira escrita, muito mais militante do que literária. Trouxe o problema do discurso racista que acontece na sociedade ou na escola, mas que a mãe, a família, tem que resolver. Mas nem toda mãe, negra ou não, tem condições de resolver ou experiência nesse debate racial – diz Maria Rita.
Ela entende que aí está o objetivo e importância da obra, que foi produzida no contexto da legislação que buscou trabalhar a questão nas escolas. A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003 (depois alterada pela 11.645/08, que incluiu história e cultura indígena) estabeleceu o ensino obrigatório da história e cultura afro-brasileira e africana em escolas, públicas e particulares, do Ensino Fundamental ao Médio.
– Os professores precisavam desse material, por isso foi tão bem aceito – avalia Maria Rita.
Homenagem
O aniversário do livro, que se completa no próximo sábado, foi celebrado na segunda-feira passada, quando o Livro Livre apresentou o espetáculo Sankofa: não vamos falar de nossas cicatrizes. Maria Rita, que foi patronesse da 9ª Feira do Livro Infantil, em 2005, foi homenageada e, depois, assumiu o microfone para refletir sobre a questão racial na sociedade contemporânea. Ela é doutora em Educação e ativista do movimento negro.
O espetáculo trouxe apresentações de dança, com ritmos africanos e samba, e música. O objetivo era exaltar a ancestralidade negra que abriu caminho para se chegar aos 20 anos de Os Problemas de Júnior. Hudson Garcia, no saxofone, e Miguel Zanotelli, no piano, criaram, de improviso, uma música, em conjunto com a plateia. A letra falava que os problemas de Júnior ainda seguem atualmente. Em seguida, Maria, Maria, de Milton Nascimento, foi tocada em homenagem à Maria Rita.
PROGRAMAÇÃO DA SEGUNDA-FEIRA
ATRAÇÕES CULTURAIS
- 14h30min - Apresentação A Fubica da Vovó (Theatro Treze de Maio)
- 18h30min - Coral da Escola Municipal de Artes Eduardo Trevisan (Coreto)
- 19h - Livro Livre: Pão de Queijo e Chimarrão, com Diego Dias (Vera Loca) e Veco Marques (Nenhum de Nós) (Theatro Treze de Maio)
- 20h30min - Sina Poética Especial, com Pedro Lamares e Afonso Cruz (Vila Belga Food Hall)
LANÇAMENTOS
14h
Os Problemas de Júnior - Maria Rita Py Dutra
16h
Droli: o pequeno dinossauro – Sueli Salva Ilustradora Thalyane Soglia
Crianças Ocupam a UFSM – Sueli Salva, Francine Silva e Lucas Wendt
23 Canavais – Fátima Segatto
Alicerce Fantasia – Fatima Segatto
Razões & Emoção – Poesias – Fatima Segatto
Acordando de Salto –Fátima Segatto
O Poeta e seus Desafios Poesias – Damião Silva Santos
Devaneio de um Poeta Poesias – Damião Silva Santos
Minuta da Cidade de Santa Maria da Boca do Monte – Mario Nieklle
Sinais de Vida Após Morte – Mario Nivio Nieklle
Este é o Coração do Mundo – Matilde da Costa Oliveira
A Vida entre o céu e terra , além de nosso alcance – Matilde Oliveira
17h
Feminismos, mídia e subjetividades – Milena Freire de Oliveira-Cruz; Soraya Barreto Januário; Raquel de Barros Pinto Miguel (orgs).
Abrindo portas: 50/50 pela equidade de gênero na comunicação – Juliana Petermann, Fernanda Sagrilo Andres, Carolina Murari, Ariadni Loose, Lara Timm Cezar